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Costa Muda / Luís Tinoco (compositor)
Os numerosos naufrágios e encalhes ocorridos ao longo da faixa costeira compreendida entre as barras dos rios Douro e Ave, nomeadamente durante a noite em épocas em que os pontos luminosos eram escassos, levaram os mareantes estrangeiros a cognominarem-na, no passado, de Costa Negra ou Costa Muda. Foi também nesta costa, na praia da Boa Nova, que a 16 de janeiro de 1913 naufragou o paquete Veronese num trágico acidente que ficou registado no filme que inspirou a partitura que escrevi para a Orquestra Jazz de Matosinhos. O meu primeiro contacto com este documento, porém, não me permitiu a verdadeira dimensão da tragédia. As imagens centram-se no navio encalhado e nos esforços da população que se uniu para salvar as vidas dos passageiros do Veronese. Através destas imagens, percebemos a forma engenhosa como foram lançados foguetões de terra para bordo, com o objetivo de colocar os cabos de vai-vem para transportar os náufragos até à praia. No entanto o filme não capta todo o sofrimento que se viveu durante três dias e que só pude perceber quando li relatos sobre (…) uma mãe que, carregando dois filhos, perde um deles arrebatado pela violência das ondas; ou sobre um (…) cabo de vai-vem que se partiu, deixando um náufrago à deriva, sem forças para lutar pela vida. Assim, para esta peça, mais do que pretender acompanhar passo a passo as imagens projetadas, procurei escrever uma música que captasse a tristeza que se viveu atrás da câmara e que não pôde ficar documentada neste belo filme.
Dive / Sandro Aguilar (realizador)
Voar, mergulhar, são formas de invadir um espaço que nos foi interditado pela natureza dos nossos corpos. Talvez por isso seja a matéria de muitos dos nossos sonhos, o motivo das nossas ambições e frequentemente a figuração da nossa angústia. Quando se atreve a ultrapassar este limite, e apesar da iminência de um naufrágio, o homem é recompensado por uma espécie de renascimento. De olhos limpos, pode voltar a descobrir um território virgem, todo um mundo primitivo com a sua própria gravidade, novos perigos e revelações. Quando nasce está na fronteira com a morte tal como quando, próximo da morte, experimenta intensamente o milagre muito físico de permanecer vivo.
Tritão / Francisco Castro Moura (realizador)
O céu. O mar. A imensidão do Homem que controla o inelutável. Quando Golias chega ao Porto não pode entrar à força de peso nem de tamanho. David irá alcancá-lo, contorná-lo, comandá-lo até ao destino. É como se David e Golias se enfrentassem e enquanto David segue em frente, mantendo a rota, Golias sucumbe vítima do próprio tamanho, do próprio peso. Pela popa, David controla a navegação, vence a opulência e a solidez e reboca Golias até à atração. Invertem-se os tamanhos pela força da destreza, encontram-se equilíbrios inesperados, hierarquias consentidas. É David quem o recebe, quem o vê chegar, quem o leva a bom porto, é também ele quem o vê partir, quem o devolve ao mar.
Espécie de Miragem Incompleta / Tiago Guedes (realizador)
Como ponto de partida quis explorar em filme o conceito de improvisação tal como é explorado na música. Comecei a montar o filme em silêncio, compondo ritmos possíveis com imagens para uma música imaginária. Fui enviando ao Pedro sequências e excertos que ele foi usando como inspiração para ir compondo. À medida que isso acontecia foi-me ele enviando sequências e excertos musicais para eu usar como inspiração para ir avançando com a montagem. Este pingue-pongue criativo de imagens e de sons fez-nos chegar a uma palavra, a uma ideia, que por sua vez resultou neste filme. Suspensão: ato ou efeito de suspender; estado de algo que está suspenso; enleio, êxtase; incerteza, dúvida; hesitação, pausa; sentido interrompido ou incompleto; sustentação de uma nota musical; sinal de pausa; espécie de miragem incompleta.
Atlas / Margarida Cardoso (realizadora)
Atlas foi construído para uma peça pré-existente do Bernardo Sassetti. Na verdade foi um exercício semelhante a adaptar um conto ou um romance para cinema, e isso nem sempre é simples… Como materializar - fixar - em imagens finitas o que na música, tal como na literatura, nos é sugerido através de imagens infinitas? Tentei manter o que julguei ser a essência narrativa da música do Bernardo mas servindo-me do meu universo e daquilo que me interessava explorar: o tempo e a memória. Atlas é também uma “pescaria” de matérias visuais com as quais quis criar um mundo irreal e intemporal por onde vagueiam sonhos, fragmentos de memórias… e o mar.
Cruzeiro / João Canijo (realizador)
Um paquete de cruzeiros chega ao porto de Leixões. Os turistas em férias desembarcam para visitar a cidade, no meio do trabalho do porto que continua como se eles importassem menos que as gaivotas. A vida é patética. Mas será mais patética a vida ativa da gente que tenta sobreviver, ou a vida aborrecida dos reformados que se deixam arrebanhar num cruzeiro low-cost? O contraste das imagens das atitudes é visível, mas o invisível da miséria das almas só pode ser imaginado.
O Naufrágio do Veronese, produção Invicta Film [1913, 5’46’’]
+ Costa Muda, música de Luís Tinoco [2013] **
Dive, filme de Sandro Aguilar [2013, 9’56’’] **
+ Dive, música de Carlos Azevedo [2013] **
Tritão, filme de Francisco Castro Moura [2013, 7’59’’] **
+ Etude 1 - Movement, música de Ohad Talmor [2013] **
Espécie de Miragem Incompleta, filme de Tiago Guedes [2013, 7’3’’] **
+ Cestas e Garras, música de Pedro Guedes [2013] **
Atlas, filme de Margarida Cardoso [2013, 8’16’’] **
+ Pescaria, música de Bernardo Sassetti [2001] *
Cruzeiro, filme de João Canijo [2013, 8’] **
+ Leixões, música de Mário Laginha [2013] **
* Encomenda da Porto 2001, Capital Europeia da Cultura/Casa da Música (estreia no âmbito da Porto 2001 pela Orquestra Jazz de Matosinhos)
** Encomendas da Casa da Música, Câmara Municipal de Matosinhos e APDL
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